Auvers-Sur-Oise: A Vila em que Van Gogh Morreu!
- Karina B Pedroso
- 22 de ago. de 2022
- 5 min de leitura
Auvers-Sur-Oise é uma pequena vila situada a 30km de Paris, aonde Van Gogh dedicou os seus últimos dias de vida, fazendo o que ele mais amava: pintar!
Além de realizar um sonho de conhecer Paris, realizei mais um sonho também, visitar a Casa de Monet. Mas esse, será assunto para o próximo post.
Eu queria muito conhecer mais sobre o "universo" artístico de Van Gogh, saber um pouco mais da história dele. E por sinal, que lugar lindo!
Mas antes de eu contar um pouco da minha experiência, vou falar sobre o que eu aprendi sobre o Van Gogh.

Sinalização da Vila
Mas Quem foi Van Gogh?
Vincent Vang Gogh, nasceu em Zundert, na Holanda. Veio de uma família de seis filhos, tinha uma relação muito complicada com o pai, porém, uma ótima relação com o irmão Theo, o qual se tornou o seu maior incentivador durante a sua carreira como artista.
Após começar a trabalhar em uma galeria de arte aos 16 anos, Vincent foi ganhando apreço e um olhar mais artístico, justamente por estar em contato com obras de diversos artistas. Mas por causa da sua personalidade forte e pouco amigável com os clientes, foi despedido aos 23 anos.
Foi professor auxiliar, quase se tornou pastor por influência do Pai, mas logo desistiu pois viu que a carreira não era para ele.
Durante a sua autodescoberta como artista, Vincent morou em Haia (Holanda), Bruxelas, Londres, Dordrecht (Holanda), Amsterdam, Borinage (região Belga)...mas foi somente depois de um período em que sofreu de um estado forte de depressão, que Van Gogh decidiu se tornar artista, aos 27 anos, por conselhos do seu irmão.
Foi aí que a prática fez o mestre. Van Gogh teve contato com muitos artistas, conheceu diversos métodos de desenho, copiava obras de arte para praticar as técnicas, estudava manuais de anatomia e de perspectiva, enfim, praticava mais e mais.
Porém, Vincent era totalmente dependente do dinheiro que o irmão o enviava. O que o deixava constrangido e triste.
Eu realmente fico imaginando, que nessa época, com toda essa vida conturbada, ele deveria sofrer de uma baixa autoestima e sensação de impotência tremenda!
Van Gogh enviava frequentemente para o irmão, esboços do que estava desenhando e se comunicava muito bem através de cartas. Ele realmente gostava de se comunicar através das palavras escritas. Escreveu 820 cartas e a maioria eram dirigidas ao irmão favorito e amigo.
Fora a dedicação artística, ele tinha um enorme amor pela natureza, traduzia através do seu olhar, a vida dos camponeses, os campos por onde passava, os jardins, as igrejas...tudo com o intuito de apurar a sua técnica e encontrar o seu estilo próprio.
Mas a sua dependência financeira com relação ao irmão, realmente o assombrava. Propunha ao irmão, trocar quadros, pela mesada e ao mesmo tempo, tinha esperança de que o irmão, encontrasse compradores para a sua arte. Theo dizia, que era difícil encontrar compradores, já que a sua arte, era um tanto sombria, em comparação ao impressionismo, que estava em alta na época.
'Embora do que disse sobre o "impressionismo" percebe-se que é diferente do que pensava, ainda não me está completamente claro o que se entende por ele' - (Vang Gogh, ao escrever uma carta ao irmão).
Recebia diversas críticas de Theo, principalmente dos seus quadros de rostos expressivos, mas Van Gogh estava satisfeito. Ele não era de aceitar facilmente conselho dos outros, o que o fazia se desentender inclusive com os seus professores.
Com o tempo, a sua arte foi ganhando personalidade e força. Em Paris por exemplo, mudou totalmente a sua paleta para tons mais vivos e claros.
Mas foi somente quando chegou ao Sul da França, que Vincent, depois de todos os estilos e influências vistos, encontrou o seu próprio estilo de pintar. Eram desenhos expressivos, com tracinhos de tinta com camadas espessas, o que o tornou único!
Com o passar do tempo, depois dos seus 30 anos, o estado emocional de Van Gogh dava sinais de agravamento. As comorbidades como bipolaridade, epilepsia e psicose, o deixaram em estados alarmantes. Inclusive, 02 anos antes de morrer, ele chegou a cortar a própria orelha, após uma discussão com o seu colega de quarto.
Apesar da doença, Van Gogh seguiu pintando. Foi nos seus 02 últimos meses de vida, em 1890, aos 37 anos, já morando em Auvers-sur-Oise, que produziu em 70 dias, quase 80 quadros. Uma produção nunca vista na época.
No dia 27 de julho de 1890, Van Gogh disparou um tiro em seu peito, morrendo dois dias depois, na presença do seu irmão Theo. Foi sepultado em 30 de julho de 1890, em Auvers-sur-Oise.
Auvers-sur-Oise em 2022
Realmente, andar por Auvers-Sur-Oise, podemos apreciar paisagens lindas e marcantes, através das natureza das flores, dos campos e das cores presentes. Foi lá em que Van Gogh, expressou as suas marcantes emoções, tristezas e solidão.
Logo ao chegar na estação de trem, vindo de Paris, podemos seguir o fluxo de visitantes e curiosos. O lugar é bem sinalizado, seguindo à pé pela avenida principal, podemos ver o famoso Albergue Ravoux ou "Maison Van Gogh", aonde ele morou e morreu. Um sobrado preservado, aonde você pode visitar justamente o quarto dele. A visita é guiada, é preciso agendar e comprar o ingresso antecipadamente no site deles.
Lá dentro existem alguns painéis, que contam a trajetória de Van Gogh, durante a sua morada em Auvers-sur-Oise. É extremamente proibido tirar fotos ou filmar, da feita que você sobe para o quarto dele, dá-se início à visitação.
O quarto de número 05, possui 7 m², com as paredes envelhecidas, sem mobília e com apenas uma cadeira para que você possa apenas "sentir" o que foi o legado que ele deixou. Muitos contam que Van Gogh, após o tiro, voltou para o seu quarto e lá permaneceu por dois dias para morrer.
Lá pode se ver na parede, um chassi de "tela de pintura", original da época, na espera de quem sabe, o retorno de uma das artes dele para lá. Essa é a ideia, para que uma de suas artes, possa voltar para lá, para fazer a vontade de Van Gogh: "Um dia ou outro, eu espero poder organizar. uma exposição somente minha, em algum café." (desejo de Van Gogh quando escreveu para o irmão em uma de suas cartas).
Existe um projeto hoje, arrecadando fundos e doações de apreciadores e visitantes, para que isso possa acontecer, quem sabe isso não se torna realidade um dia?
Ao lado, um outro quarto (nº 06), de um outro artista, com a réplica do mobiliário da época, tudo muito simples. Ao lado deste, um sótão, aonde seguimos para ver um pequeno filme, falando sobre as várias obras de Van Gogh e muitos trechos de suas cartas. É realmente tudo muito bonito e emocionante!
Após a visita, eu e o meu marido, seguimos um mapa ilustrado, indicando todos os pontos, em que Van Gogh escolheu pintar. É muito fácil de achar esses pontos, hoje turísticos...dá realmente para fazer tudo à pé. Em cada ponto em que ele pintou, há uma placa, informando que arte que ele pintou ali.
Ah! E fora a sinalização de metal, com o nome dele no chão, é preciso prestar bem atenção!

Sinalização no Piso - Para Conhecer os Principais Pontos de Pintura de Van Gogh
Por último...
Vale mesmo a pena conhecer Auvers-sur-Oise?
Se você estiver com planos de visitar Paris, Sim! É realmente inspirador e um encanto de lugar! É um história muito tocante, em que podemos ver que para a época, os pintores enfrentavam diversos desafios sociais, emocionais e geográficos. Fora a eterna busca pela valorização da arte!
Voltaria com certeza mais uma vez, mas dessa vez, para ficar hospedada lá, por pelo menos 02 dias quem sabe e sair desenhando aquelas lindas paisagens!
Abaixo, compartilho com vocês, algumas fotos de lá!
Afinal, a arte vem da alma! :)

Chegada em Auvers-Sur-Oise

Albergue Ravoux

Entrada Posterior - Albergue Ravoux

Local aonde Van Gogh pintou "Champ de Blé Aux Corbeaux"

Local aonde Van Gogh pintou "Champ de Blé Aux Corbeaux"

Placa indicativa de todas as obras quem Van Gogh pintou em Auvers-Sur-Oise
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